A maior ação de destruição a terreiros de Umbanda e Candomblé no Brasil completa 100 anos. Pouca coisa mudou…
Alagoas lembra hoje os cem anos do dia em que – nas vésperas do Carnaval – uma massa de populares, liderada por veteranos de guerra e políticos, invadiu, depredou e queimou os principais terreiros de Xangô em Maceió, espancando líderes e pais de santo dos cultos afros. Considerada um dos mais emblemáticos casos de racismo e intolerância religiosa do Brasil, a noite fatídica daquele 2 de fevereiro de 1912 ficou conhecida como “O Quebra de Xangô”.
O movimento foi organizado por integrantes da Liga dos Republicanos Combatentes em Maceió, sob a liderança do sargento do Exército Manoel da Paz, veterano da guerra de Canudos, na Bahia. “Muitos foram pegos de surpresa e apanharam pelas ruas até chegar à delegacia, na calada da noite. Outros tiveram a oportunidade de fugir para estados como Bahia, Pernambuco e Sergipe”, assegura o professor de História e pesquisador Célio Rodrigues, o “Pai Célio”, um dos grandes difusores da religião de matriz africana no Estado.
Também denominada como Operação Xangô, o movimento tinha um forte viés político com o objetivo de afastar do poder o então governador do Estado, Euclides Malta, que já administrava Alagoas por 12 anos seguidos e era considerado um amigo dos líderes religiosos massacrados.
Na época do Quebra, o movimento que desencadeou a postura intolerante contra a religião de matriz africana contou com o apoio da imprensa oposicionista, notadamente o Jornal de Alagoas. Nos trechos de seus artigos e matérias, termos pejorativos sempre eram direcionados ao governador por este se relacionar com os xangôs. Na série de matérias intituladas “Bruxaria”, publicada nos dias consequentes ao episódio, a suposta relação de Euclides Malta com os xangôs denota a mãe de santo Tia Marcelina como sua “feiticeira” protetora.
“Os relatos são de que a multidão induzida pela Liga dos Republicanos Combatentes – oposição – entrou quebrando tudo que via pela frente, no auge do ritual, quando alguns seguidores ainda tinham o santo na cabeça. Bateram nos filhos de santo e queimaram objetos sagrados numa grande fogueira”, diz Fernando Gomes.
O pesquisador Célio Rodrigues acrescenta que foi uma perseguição também aos negros em geral. “Essa Liga foi feita para dizimar as religiões de matriz africana e, por tabela, os negros, pois naquela época Maceió era habitada por muitos ex-escravos e seguramente uma das maiores cidades negras do Brasil”, defende ele.
Respostas de 15
A história ainda se repete por esse Brasil…
Infelizmente, aqui no RJ, isso ainda é muito comum. Na cidade de São Gonçalo, por exemplo, a prefeita vive dando declarações contra terreiros de umbanda, desapropriando vários deles (inclusive um histórico).
Também deve se denunciar os evangélicos xiitas que, eleitos, perseguem as diversas religiões. Espero que ainda haja tempo de nossa sociedade coibir tais fatos, pelo menos no voto. PAZ ETERNA.
Cem anos se passaram e a intolerancia continua, algumas vezes mais disfarçadas, outras não…
êêê inquisição…
Os cristãos aprenderam muito mal a forma de acabar com o que não se gosta..
Quanto mais se reprime, mais se espalha.
Aconteceu com eles em Roma, mas parece que eles se esqueceram..
19. “The more you hate it, the stronger it gets”
Marcelo eu sei que não está relacionado ao tópico, mas aproveitando que vc responderá as perguntas deste artigo gostaria de lhe fazer uma pergunta.
A maior parte dos livros ocultistas ou grimórios que encontro são em lingua inglesa. Eu sou fluente e me sinto muito a vontade com ingles, inclusive me passa maior confiança. Mas minha língua nativa é portugues. Durante um ritual, que apreendi de um livro em ingles, devo arriscar a tradução – sendo que nem sempre há palavras apropriadas – por ser minha lingua nativa, ou devo pronunciar as palavras em ingles mesmo, já que me sinto mais a vontade assim? Faz diferença?
@MDD – Não… tirando algumas evocações específicas e nomes antigos, na maioria dos rituais, o que conta mesmo é a intenção e a energia deslocada pelo magista.
Uma barbaridade! A pior coisa é acusar de “certo” ou “errado” o que as pessoas fazem de suas vidas, independentemente de credo ou raça. O interesse político (digamos $$) ainda é regido por fanáticos que não conseguem enxergar meio metro a sua frente. Não sei o que é pior: fanático político ou fanático religioso. E, como o Marcelo mesmo falou, pouca coisa mudou. Temo pelos próximos anos, com o aumento da ligação religião+política que vemos por aí. 🙁
Todo preconceito revelando intolerância religiosa é ominoso, tenebroso em si. A verdadeira cor das trevas é a ignorância, não necessariamente o negro, o preto. Felizmente, hoje em dia temos a Constituição Federal e o Código Penal amparando o respeito que todos devem ter para com a religião de todos – a Umbanda Sagrada é de uma monumentalíssima complexidade, e somente a criticam os que a desconhecem, ou, infelizmente, possam ter tido contato com médiuns desequilibrados e entidades pervertidas. A verdade é que a vida é multidimensional, e devemos ter uma mentalidade holística de busca e de entendimento.Leiam na web o romance psicografado intitulado VIDA ETERNAMENTE VIVA. Deus Todo-Poderoso abençoe nossa evolução, a caminho do aprendizado crescente na LUZ.SALVE OS IMPÉRIOS DA LUZ!!!
http://www.youtube.com/watch?v=dAh_TKWnhts&feature=player_embedded
É o poder de Deus…
Da série: Coisas que não passam na TV.
“O homem que não conhece a própria história está fadado a repetí-la”.
Não sei quem disse a frase e também não sei se é assim que a frase deve ser construída, mas acredito que ela se encaixa bem ao texto.
Axé.
…e em pensar que um dia eu concordaria com tal absurdo,conhecerei a verdade e a verdade vos libertará,hoje acho muito lindo e bem significativa.
eu sugiro ler em qualquer site, a matéria sobre a comemoração do dia de Iemanjá, e vejam como evoluíram os brasileiros.
DD, esse link é confiável:
http://www.espiritualismo.hostmach.com.br/kimbanda.htm
@MDD – O site do Beraldo é bem estruturado; tem a visão pessoal dele de assuntos espirituais e vale a pena dar uma visitada.
Realmente pouca coisa mudou.
Eu tenho muito em mente que a qualquer momento a época negra de perseguições pode voltar. Aliás, acho que só não volta de fato, pois, as notícias estão sendo exibidas quase que em tempo real e, com isso, a informação seria propagada muito rapidamente.
Gostaria muito que as pesssoas conhecessem a Umbanda e o Candomblé. São religiões tão lindas que não sei como as pessoas não gostam.
Na primeira você tem o apoio que você precisar, sobre o que você precisar, e na segunda é uma força tão grande vinda do Orisà que chega a ser indescritível.