A Astrologia que chamamos hoje “Cabalística” sempre existiu, sendo caracterizada como o conhecimento que D´us propiciou para que os primeiros seres humanos entendessem não só os fenômenos da natureza, como a finalidade da existência dos astros, a sucessão de dias e noites, as estações, mas sobretudo a perfeição da criação Divina. Com o tempo, e o desenvolvimento da humanidade muito deste conhecimento se perdeu, sendo mantido basicamente por aqueles que hoje chamamos de Cabalistas.
Não há neste texto o objetivo de traçar paralelismos profundos entre a Astrologia Cabalística e a convencional, já que este é um assunto mais extenso, para ser tratado num livro, o que de fato acontecerá mais à frente. A intenção aqui é familiarizar o leitor com as dinâmicas de mudanças de meses, para que possam entender com maior facilidade termos como Rosh Chodesh e Kidush Levaná, que são de vital importância no estudo e prática da Cabala Maassit (Iniciática).
Nos livros sagrados da Cabala existem inúmeras citações de nossa astrologia, através da Torá, do Talmud, além de tratados como o Zohar e os Midrashim, porém, nenhum deles vai tão longe quanto o Sêfer Yetzirá. Este livro que foi escrito pelo Patriarca Abraham é o mais antigo e misterioso de todos os textos cabalísticos, sendo a revelação Divina de como D´us iniciou o processo de criação, através das letras hebraicas, formando combinações de extremo poder e realização.
APLICAÇÃO:
Abraham como é sabido, era filho de Terach, um iminente ocultista. O Zohar então nos revela, que baseado no que aprendeu com o pai, o futuro patriarca do Povo de Israel, preveu que jamais poderia ser pai de um filho da mulher que amasse. De fato, quando Abraham conheceu Sarah, foi o que aconteceu, ela era estéril, o que dificultava com que cumprisse sua missão nesta existência. No entanto, tudo isso mudou, ao Abraham desenvolver sua consciência à níveis mais elevados.
Então, segundo a Torá o Eterno diz: “Olha para os céus, e conta as estrelas, se podes contá-las. E disse: assim será tua semente. E acreditou em D´us Abraham” (Bereshit 15:05). De maneira literal, ficamos simplesmente com a versão da promessa que o Criador faz em gerar descendência para Abraham, porém os cabalistas estão sempre preocupados em entender o sentido “Sod” (secreto) das escrituras. Cruzando o entendimento de nossos sábios, com os tratados percebemos que a intenção do Criador é ensinar ao futuro patriarca a cosmogonia do universo, além de dar proeminência à ele sobre os astros. Fato evidenciado pelo “He”, que adiciona à seu nome mudando de Abram, para Abraham.
Isto significa, que D´us concede a Abraham um conhecimento capaz de suplantar às previsões negativas que ele tinha feito para ele mesmo, o que se configurou em verdade, quando Sarah se torna mãe de Isaac. Nossos sábios nos revelam que justamente os seres humanos daquele tempo eram governados pela Mazal ou “sorte”, mas que no sentido “Sod”, significa “Conjunção Astrológica”. Este conceito descoberto e aplicado por Abraham, é algo fundamental na Astrologia Cabalística, até os dias de hoje, o poder do Livre-Arbítrio.
Este poder justamente é concedido pela letra “He”, já que seu valor numérico de Gemátria é “5? e alude justamente ao “Chumash”, que são os cinco livros da Torá e significa que aquele que estuda e pratica os princípios que nela estão contidos justamente ganha “poder sobre as estrelas”. Isto significa sair da condição de influenciado para influenciador, já que nos é expressado que “os anjos são como almas para as estrelas”. Através disso, a sabedoria da Cabala nos informa que realmente somos influenciados não pela energia do astro em si, mas sim pela energia das criaturas que estão vinculadas àquele astro, tanto anjos como Criaturas do Sitra Achrá (“Outro Lado”).
ASTROLOGIA CABALÍSTICA HOJE:
A sabedoria que temos hoje, não é aprendida através de manuais, mas vem da vivência entre o Rav (Mestre) e seus Chaverim (Discípulos), como evidenciado através por Abraham, que legou esta sabedoria à seu filho, Isaac, que depois a transmitiu para Yacoov. Posteriormente, foi transmitido à Yossef, servindo como base da implementação das 12 Tribos de Israel, que são hoje fundamentais no entendimento e aplicação de nossa astrologia. Depois de toda a perseguição sofrida no Egito, o Criador legará a sabedoria a Moshê (Moisés), que reconstruirá a linha sucessória de transmissão, até os dias de hoje.
O Calendário Hebreu se diferencia do calendário convencional, por ser Lunar e, apesar de se referir aos 12 signos do zodíaco que são amplamente conhecidos por todos, a grande verdade é que o entendimento, interpretação e esoterismo da Astrologia Cabalística estão totalmente relacionados às 12 Tribos de Israel. Sua características e particularidades são evidenciadas no nível “Pshat” ou “literal”, quando Yacoov “abençoa” cada fundador destas tribos, dotando-as com características específicas, o que é entendido de maneira profunda, através do estudo dedicado da Torá, Talmud, Sêfer Yetzirá, demais tratados e, sobretudo, do Rav.
Então, cada mês cabalístico representa uma energia nova, capaz de impulsionar o ser humano a realizar sua missão na terra. Para isso, é fundamental que a pessoa conheça a força daquele mês, suas características e especificidades, para utilizá-lo como uma “catapulta”, rumo à níveis mais elevados de consciência. Sem este conhecimento, como Hashem criou tudo “macho e fêmea”, ou seja dual, a pessoa pode ser envolvida pelas forças Klipóticas, sendo afetada negativamente pela influência do mês.
MAPA CABALÍSTICO E AS CONEXÕES CABALÍSTICAS:
É por isso, que os antigos cabalistas criaram duas forças capazes de dotar o ser humano com o mesmo poder de Abraham para suplantar a Mazalot: o Mapa Astral Cabalístico e a Conexão do Mês. O primeiro é o entendimento que da mesma forma que o DNA nos transmite características daquilo que somos funcionalmente, os astros nos passam nosso “DNA Espiritual”. Assim, quando eu estou fazendo o Mapa Cabalístico de alguém, é como estivesse olhando a sua alma, com o objetivo de proporcionar à pessoa o seu autoconhecimento, que logo, propiciará à mesma tomar as melhores decisões para si.
Já as conexões cabalísticas, a maneira que temos de sintonizar no aspecto positivo da energia mensal, com o objetivo de nos harmonizarmos com mesma. Para os sábios cabalistas, a força entre a saída e a entrada de um novo mês é tão forte, que é como se literalmente mudássemos de signo à cada variação. Por isso, sabendo que tudo foi criado à partir das letras hebraicas, nós realizamos meditações nas duas letras regentes de cada mês, que nos permite literalmente dominar aquela energia.
Os pontos altos são o Rosh Chodesh (Cabeça do Mês), que é o primeiro dia de um mês cabalístico, onde se apresenta a Lua Nova de cada signo, além da Kidush Levaná (Santificação da Lua), num ritual onde nós cabalistas agradecemos ao Eterno por nos ter dado a Lua, astro fundamental para o entendimento do sistema criado por D´us. Afinal a lunação está vinculado não só aos astros, mas à vida, desde a influência das marés, da procriação de animais, além do próprio ciclo menstrual das mulheres.
Respostas de 3
Tenho que voltar aqui, ainda nao peguei tudo, mas o conjunto talvez esteja no texto. belo texto!!!
O que seria de nós sem os mestres?
talvez a Lua equivale a um centrômero no esquema humano da vida assim como aquele é na célula.