A aventura do Conhecimento se descreve muitas vezes como uma viagem ou peregrinação. “Uma viagem de mil milhas começa ante teus pés”. Essencialmente, a peregrinação se relaciona com a busca do Centro do Mundo, onde se estabelece a comunicação interna com os estados superiores do próprio ser. Trata-se de atingir a Pátria Celeste, que é a verdadeira morada do homem, pois, como mencionam diversas tradições, o homem é um estrangeiro nesta terra. A palavra “peregrino” não quer dizer senão isso: estrangeiro. “Vós não sois deste mundo”. Assim, desde que intuímos que não somos “daqui”, a própria vida, com seus avatares, suas lutas, suas paixões, luzes e sombras, converte-se num símbolo exemplar dessa busca interior. A partir desse momento qualquer acontecimento revelará sempre algo, tornar-se-á significativo e simbólico.
Mais concretamente, as denominadas peregrinações aos lugares santos ou sagrados, consideram-se como as etapas do processo iniciático, vinculado à idéia de labirinto e de “perder-se para se encontrar”.
Também as provas simbólicas da Iniciação se denominam “viagens” em que, além da influência espiritual que transmitem, são psico-dramatizadas ritualmente as inibições e tendências negativas do ego, esgotando-as ao emergir para o exterior. Apesar de suas múltiplas dificuldades, o peregrino, em sua viagem interna e externa, percorre um caminho arquetípico, aonde o símbolo é vivido (ritualizado) e se lhe revela com toda a potência de sua energia ordenadora, permitindo-lhe conhecer simultaneamente a realidade de um tempo mítico, no que o prodigioso se faz coetâneo com a realidade horizontal.
Tudo se dá na “roda da vida”, espelho e receptáculo das energias do Cosmo, que o peregrino, efetivamente, tem que reconhecer em si mesmo para chegar ao centro ou coração imóvel da roda, ali onde se produz a identificação com o Universal e o retorno a sua verdadeira origem.
Respostas de 17
a jornada do herói tem muito a ver com isso, right?!
No xamanismo a visita(com cerimônias) a lugares sagrados também fortalece o elo energético com a mãe terra e com o mundo espiritual, o que fica registrado no “povo de pedra”. O lugar fica literalmente “abençoado”.
Legal o Texto.
Gostei dessa idéia do homem ser um eterno peregrino, até pq nós somos estrangeiros no mundo material, Almas que “pegam emprestado” um corpo material (obviamente, é muito mais sutil que isso) para poder realizar as suas tarefas terrenas. Essa peregrinação talvez esteja muito mais perto do sentido de tudo.
Alem dessa visão macro, existe a visão micro que é mais próxima ao sentido mais comum da palavra, que é a peregrinação como viagem a um lugar simbólico. Eu estive durante o carnaval em portugal e fui até o santuario de fátima. Embora eu não seja católico, é um lugar que possui uma forte energia. Eu me senti emocionado só de sentar em frente a capelinha das aparições.
Mas tudo acaba onde começou…
Dois monges shaolin (ou eram estudantes de um rabinato? ou seminaristas? não interessa…) iam iniciar sua paregrinação.
As peregrinações eram obrigatórias aos monges no seus primeiro e último anos de estudos. Sempre peregrinavam aos pares, um aluno do primeiro ano e um do último. As regras eram rígidas. Precisavam ir pelo caminho da floresta, sem se desviarem, sem contato com outras pessoas.
Eis que ao atravessarem o rio no pé da montanha, deparam-se com uma mulher. O monge mais novo, assustado, insistiu em atravessar o rio mais adiante, deixando a mulher de lado, ignorando-a. O monge mais velho, corrigiu o jovem:
– Não, ela precisa de ajuda, estamos nós dois aqui para ajudá-la.
O monge mais velho aproximou-se da mulher e ofereceu-se para ajudá-la a atravessar o rio. Levantou-lhe o vestido e colocou-a sobre os ombros. Caminhou pela correnteza, fazendo força para não derrubá-la. Chegando ao outro lado, a moça abraçou-o, agradeceu e sumiu na floresta, tentando retornar a sua vila.
– Por que fizeste isso, irmão? – perguntou o monge mais novo – Não podemos ter contato com outras pessoas, e tu agarras uma mulher e te esfregas nela! Como farás para te purificar agora?
– Já passou, te preocupa com o resto da viagem e não comentas mais – diz o monge mais velho autoritariamente.
Como se adiantasse. Na primeira parada da peregrinação, o monge mais velho deitou e descansou, mas o monge mais novo pôs-se a rezar. Pediu que o seu irmão fosse perdoado por ter-se desviado do caminho. Pediu a Deus e todos os Deuses que o perdoassem. Passou a noite acendendo incensos e recitando orações.
No dia seguinte, o monge mais velho levantou-se a saiu a caminhar, sem falar nada. O monge mais novo, mesmo tentando evitar, sentiu necessidade de confrontar o irmão sobre o ocorrido.
– Já passou – foi a resposta.
Na parada seguinte, o mesmo descaso do monge mais velho. E o monge mais jovem passou mais uma noite acordado rezando.
Os dias e as noites da peregrinação se repetiram até que, enfim, chegaram ao santuário, o destino da jornada.
Então, o monge mais novo enfureceu-se:
– Como irás entrar no santuário? Não estás puro, não podes pisar em solo sagrado. Tu tocaste na mulher, te desviaste do caminho. Não tens o direito.
O monge mais velho, já sem sandalhas, subindo as escadas do templo, virou-se para trás e disse:
– Eu, irmão, deixei a mulher na beira do rio. Por a trouxeste contigo até aqui?
E o monge mais novo compreendeu que ele só poderia entrar no tempo da próxima vez que viesse, após completar todos seus anos de estudos…
Hoje sonhei que Hermes me salvou de um lunáticos com mantos negros e ankhs dourados nas mangas. Seria alguma egrégora tentando me abduzir?
A peregrinação do texto se refere as inúmeras vidas a que o iniciado se submete não é? Mas em relação aos avatares? Eles já alcançaram tipheret, então por que continuam a reencarnar?
isso vai mais do que a jornada do herói.
a jornada do herói é um tipo especial de jornada, que representa a passagem da infância para a idade adulta, passando pela adolescência. A criança tem uma visão de mundo fantástica, tem muitos poderes em potencial. “Viaja” para longe da família, tendo novos amigos, mentores, onde aprende diversas coisas bem diferentes do que havia visto, e que permitem ultrapassar aquilo que teria permanecendo.
Na jornada do herói completa, sempre há ou a morte ou a limitação do herói. Ou ele deixa que o orgulho (hubris) suba a cabeça, e acaba morrendo pelas consequencias dos seus próprio atos, ou percebe a tempo a destruição iminente, e retira-se.
Isso simboliza que a onipotencia sentida na adolescência tem que ser refreada, e a realidade assumida, antes que se seja tarde e perca-se a vida (literalmente, como vimos muito por aí em acidentes, etc, ou metaforicamente mesmo).
Faz parte da jornada do herói o saber quando parar.
Acho que essa jornada que o DD falou abarca essa possibilidade tb, de terminar uma jornada, iniciar outra, diferente, para se aprender outras coisas.
Isto lembra também as histórias de origem de diversas artes marciais, quando a figura do fundador se isolava em uma montanha.
Se afastar das amarras do cotidiano parece ser uma explicação razoável, que permite ao peregrino se atentar melhor às suas próprias energias.
Tem a ver com o arcano do Eremita ?
@MDD – Tudo.
eu já peregrinei… mas não o suficiente…
a última foram 168Km…
entre outros símbolos foi também como pré-paração para o caminho de santiago… se o mundo não ‘acabar’ antes, farei em 2013…
me encantei por santiago de compostoela por causa de um mago! e mesmo tendo passado um bom tempo o feitiço ainda persiste!
e tem uma outra peregrina que pode contribuir bastante com esse assunto, para quem se interessar em se aprofundar mais…
http://www.peacepilgrim.org/
é uma mulher que abriu mão de tudo o que tinha para fazer uma coisa só… peregrinar pela paz… paz individual > paz mundial
a história da vida dela é inspiradora!
boa!
Olá, Tio Marcelo,
Simbolismos “à parte”, comecei a estudar Linhas de Ley, relendo seus posts e alguns livros, dentre os que você indicou no site.
Um caminho de peregrinação está sobre uma linha de ley. Altares, castelos, catedrais estão sobre linhas de ley… mas você mesmo disse que não acharíamos estudo sério de Linhas de Ley para os profanos.
Então, Tio, duas perguntas: em que ordem eu acharia essas informações (na loja da AMORC daqui não encontrei ninguém que soubesse), e quando teremos um curso de Geometria Sagrada?
Abraços,
Douglas
Fantástico. Engraçadas as relações com o VITRIOL.
tio sei q a minha pergunta não tem nada haver com o texto mas me responda por favor: eu estou estudando os livros de kardec como sugerido, ai achei uma parte sobre talismãs aonde os Espiritos dizem que quando indagados sobre “que efeito podem produzir as fórmulas e práticas mediante as quais pessoas há que pretendem dispor do concurso dos Espíritos?” e eis a resposta “todas as fórmulas são mera charlatanaria. Não há palavra sacramental nenhuma, nenhum sinal cabalístico ou talismã, que tenha qualquer acão sobre os Espíritos…”(o livro dos Espíritos, capitulo 9 questão 553).
“certos objetos, como medalhas e talismãs, tem a propriedade de atair ou repelir Espíritos…?” eis que a resposta foi “…a virtude dos talismãs, de qualquer natureza que sejam, jamais existiu, senão na imaginação das pessoas crédulas.” (o livros dos médiuns, cap 25 item 282) e mais “…em todos os tempos os Espíritos superiores condenaram o emprego de signos e de formas cabalísticas, e todo Espírito que lhes atribui uma virtude qualquer ou que pretende dar talismãs que denotam magia, por ai revela a própria inferioridade…os sinais cabalísticos, quando não são mera fantasia, são símbolos que lembram crenas supersticiosas…crenças nascidas no tempo da ignorancia e que repousam sobre erros manifestos…” (Allan Kardec, Os talismãs-medalha cabalística. In “revista espirita”, set. 1858, pp. 258 e 269). E algumas outras opniões dele e dos Espíritos são dessa linha de que magia, talismã… é fantasia e não existi!!!??? fiquei meio perdido pois o sr. fala que ele é bom (e eu concordo) e ele no meu ver contradiz muitas coisas que o sr. diz. Afinal ele aceita ou não a magia em si??? desculpe se eu entendi errado o que ele quiz dizer se estou errado me diga.
@MDD – Na verdade, eu é que contradigo muitas das coisas que ele disse, já que eu tenho a prática magista e Kardec não tinha. Quem já foi em qualquer terreiro de Umbanda sabe que objetos e talismãs feitos da maneira correta possuem SIM muito poder sobre os espíritos, que estão presos a diversas regras astrais. Mesmo os espíritos mais evoluídos estão presos a regras astrológicas e de conjuração, podendo ser chamados e repelidos pelo magista.
outra: na umbanda da minha cidade não se usa Oxumaré, o mais próximo disso só Oxum-Maré que é uma das “partes” de Oxum (assim como oxum-rainha, oxum-mãe…) então a cabala da umbanda do MS “estaria incompleta”?
e outra: aonde entra Abaluae/Omulu na cabala?????pois ele é um orixá e num vi no seu esquema da árvore da vida!!!!
e outra: praticar karate ajuda a “melhorar” a circulação do ki em nosso corpo??? se não qual é a arte marcial mais indicada?????
e ainda outra: saber seus “pais espirituais” é só jogando búzios ou tem como se fazer um cálculo???? os meus eu fiquei sabendo depois que joguei os buzios, mais queria saber se existe um cálculo e como se faz????
acho que é só, desculpe o montante de perguntas mas são minhas dúvidas se tiver alguma inapropriada não divulgue e se puder responder pelo menos uma agradeço!!!!!
DD uma dica pro Formspring: vá com a seta do mouse em cima do “more” ai é só manter pressionada a tecla ‘Page Down’.. dai só terá que ficar clicando o botão do mouse, pois ao abrir a próxima pagina a seta já estará sobre o próximo “more”, fica quase automático ;D
é assim que faço para abrir varias paginas do formspring.. caso contrario demoraria MUITO, não sei como é para responder, mas a dica pode ajudar tb, já que sua queixa foi de ficar tendo que clicar “more” todo momento
Abraços
Mais um texto excelente. Supimpa!
@MDD – […] Quem já foi em qualquer terreiro de Umbanda sabe que objetos e talismãs feitos da maneira correta possuem SIM muito poder sobre os espíritos, que estão presos a diversas regras astrais. Mesmo os espíritos mais evoluídos estão presos a regras astrológicas e de conjuração, podendo ser chamados e repelidos pelo magista.
Eu sempre achei que era o pensamento e a sintonia que importava.
Eu vejo que esses sinais são formas de aumentar ”o poder de concentração do magista” fazendo com que ele possa manifestar mais facilmente sua thelema.
Yeshua utilizava talismãs e rituais, ou ele já estava em um nível que tudo se tornava dispensável mediante sua incrível Vontade?
Olá Marcelo!
Eu sendo chatão e refazendo a pergunta…rsrsrsrs.
Relendo o livro de Paulo Coelho (Diário de um Mago), deparei-me com uma prática nomeada “Rítuais de RAM”, onde o próprio Paulo descreve um certo rítual ao qual se invoca um “demónio pessoal”. Inicia com você visualizando uma coluna de fogo a sua direita, fala algumas palavras mágicas, depois visualiza a segunda coluna de fogo a esquerda; o tal demónio teria que se manifestar no centro das colunas e dizer o nome dele para você…Isso seria uma consulta para você tirar algumas duvidas práticas do mundo terreno.
Agora lhe pergunto:
Essa prática é válida? O Mago tem algum crédito no mundo ocultista? Isso pode causar algum dano pra mim? Ou cada um no seu quadrado e práticas de RAM são para os pessoal da O.T.O.?