Arcano 11 – Justiça – Lamed

Uma mulher, sentada num trono, tem em sua mão direita uma espada desembainhada com a ponta virada para cima, e na esquerda uma balança com os pratos em equilíbrio. A mão que segura a balança encontra-se à altura do coração.
Este personagem, que é visto de frente, está vestido com uma túnica cujo panejamento sugere uma mandorla (como a do arcano 21 – O Mundo), espaço de conciliação das polaridades.
Não se vêem os pés da mulher nem a cadeira propriamente dita. Aparece, em compensação, com toda nitidez, o espaldar do trono: as esferas que o arrematam estão talhadas de maneira diferente.

Significados simbólicos
Justiça, equilíbrio, ordem.
Capacidade de julgamento.
Conciliação entre o ideal e o possível. Harmonia. Objetividade, regularidade, método.
Balança, avaliação, atração e repulsão, vida e temor, promessa e ameaça.

Interpretações usuais na cartomancia
Estabilidade, ordem, persistência, normalidade. Lei, disciplina, lógica, coordenação. Flexibilidade, adaptação às necessidades. Opiniões moderadas. Razão, sentido prático. Administração, economia. Obediência.
Soluções boas e justas; equilíbrio, correção, abandono de velhos hábitos.
Mental: Clareza de juízo. Conselhos que permitem avaliar com justeza. Autoridade para apreciar cada coisa no momento oportuno.
Emocional: Aridez, secura, consideração estrita do que se diz, possibilidade de cortar os vínculos afetivos, divórcio, separação. Este arcano representa um princípio de rigor.
Físico: Processo, reabilitação, prestação de contas. Equilíbrio de saúde, mas com tendência a problemas decorrentes de excessos (obesidade, apoplexia), devido à imobilidade da carta.
Sentido negativo: Perda. Injustiça. Condenação injusta, processo com castigo. Grande desordem, perigo de ser vítima de vigaristas. Aburguesamento.

História e iconografia
A representação da Justiça como uma mulher com balança e espada (ou livro) data provavelmente de um período remoto da arte romana.

Durante a primeira parte da Idade Média, espada e balança passaram a ser atributos do Arcanjo Miguel, comumente designado por Micael ou São Miguel, que parece ter herdado as funções do Osíris subterrâneo, o pesador de almas.
Mais tarde estes elementos passam para as mãos da impassível dama, da qual há figurações relativamente antigas na arte medieval: um alto-relevo da catedral de Bamberg, datado de 1237, a representa deste modo. Pelo que parece, a iconografia do Arcano VIII seguiu com bastante fidelidade a tradição artística.
A espada e a balança são, para Aristóteles, os elementos representativos da justiça: a primeira porque se refere à sua capacidade distributiva; a segunda, à sua missão equilibradora. Ao contrário das alegorias inspiradas na Têmis grega, a Justiça do Tarô não tem venda sobre os olhos.
É comum relacionar este arcano ao signo zodiacal de Libra. Ele representa, como aquele, nem tanto a justiça exterior ou a legalidade social, mas sim a função interior justiceira que põe em movimento todo um processo psíquico (ou psicossomático) para determinar o castigo do culpado, partindo já da idéia de que “a culpa não é, em si, diferente do castigo”.
Também se atribui à balança uma função distributiva entre bem e mal, e a expressão do princípio de equilíbrio. A espada, por sua vez, representa a sentença, a decisão psíquica, a palavra de Deus.

Na divisão do Tarô em três setenários, a ordem que Wirth estabelece é descendente, correspondendo aos arcanos I-VII a esfera ativa do Espírito; aos VIII-XIV, a esfera intermediária, anímica; aos arcanos XVI-XXI, a esfera passiva do Corpo.
O segundo setenário – que se inicia com a Justiça – corresponde à Alma ou ao aspecto psicológico da individualidade.
“O primeiro termo de um setenário – diz Wirth – desempenha necessariamente um papel gerador. Assim, o espírito emana da Causa Primeira (O Prestidigitador), a alma procede do Arcano VIII, e o corpo, do XV (O Diabo)”.
Examinado do ponto de vista dos ternários, a Justiça (8), ocupa o segundo termo do terceiro ternário, sendo precedida pelo Carro (7), que cumpre aí a função geradora, enquanto ela, a Justiça, passa a exercer a função de organizadora.

@MDD – O Tarot de Marselha troca a numeração da Justiça (11) com a Força (8). De acordo com a Kabbalah, o caminho de Lamed / Libra, que conecta Tiferet a Geburah, é o correto para o Arcano do tarot da Justiça.

Por Constantino K. Riemma
http://www.clubedotaro.com.br/

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Respostas de 8

  1. Legal que agora você coloca imagem, menos 2000 pessoas procurando uma que preste no google images (eu incluso).

  2. MDD, eu sei que vai ser foda essa pergunta, mas acho que mais alguém no mundo pode ter ou ter tido a mesma duvida que eu:

    “qual a utilidade do tarot?”
    é pra prever o futuro ou coisa assim?

    gostaria de ter uma explicação coerente (estilo as que vc faz para outros tema) e não a visão pseudo-mistica que encontramos por aí.

    @MDD – O tarot é o alfabeto de Thoth. Entender como ele funciona depende de entender o que representa cada sephiroth e cada caminho da Kabbalah traçando um panorama de todos os estados de consciência do ser humano. O que chamamos de “leitura” do tarot nada mais é do que o seu atma (ou EU SUPERIOR) comunicando-se com o seu “eu inferior” ou Malkuth. Quando você escolhe os arcanos, a escolha não é “aleatória” porque seu atmã sabe exatamente onde está cada arcano (os simbolos do alfabeto de thoth) e através dessa linguagem, conta para você o que você PRECISA ouvir ( que é bem diferente do que voce QUER ouvir hehehe). Desta maneira, o tarot age na sua intuição, despertando cada vez mais o chakra ajna e a sua intuição e contato com o astral. Como eu explico nos cursos, o objetivo do tarot a longo prazo é não precisar mais do tarot.

  3. Se não to doido o arcano 11 é a força… o arcano da justiça figura como numero 8, não é memso?

    Alguem me explica o que não ta encaixando aqui?

    Obrigado

  4. Uma dúvida, no taro de crowley esse arcano também está na posição 8 como ajustamento e a força em 11 como luxúria, correto?
    Para interpretação da carta quando sai em uma tiragem, faz diferença qual os arcanos que se esta utilizando, o de crowley, o de waite ou o de marselha?

    @MDD – Sim, embora ele tenha trocado os nomes por Luxúria e Ajustamento. Não faz diferença. Basta não usar a “numerologia” esquisotérica que tudo dará certo. As imagens dos Arcanos dizem tudo.

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