Ao longo de sua experiência na clínica psicoterápica, o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung percebeu uma estreita correlação entre o conteúdo simbólico de seus pacientes com antigas iconografias alquímicas. Percebeu, através de diversos paralelos que as metáforas alquímicas eram análogas para a psique em seu processo de individuação.
Para os alquimistas, qualquer substância só poderia sofrer alteração caso retornasse ao seu estado indiferenciado, ou seja, na prima matéria. Tal concepção é análoga ao processo de psicoterapia:
“Os aspectos fixos e estáticos da personalidade não admitem mudanças. Eles são estabelecidos e têm certeza de seu caráter justo. Para a transformação ocorrer, esses aspectos devem primeiro ser dissolvidos ou reduzidos à prima matéria. Fazemos isso por meio do processo analítico, que examina os produtos do inconsciente e coloca em questão as atitudes estabelecidas do ego”. (EDINGER,2006, p. 68)
Dentro deste contexto, é necessário salientar que a alquimia apresenta um fértil terreno simbólico e psicológico, e que, como apontou Jung, carrega evidentes e importantes paralelos com o processo de individuação. Portanto, o estudo da alquimia, é uma importante ferramenta de exploração do inconsciente. A alquimia apresenta diversos símbolos e operações, mas todas carregam algo de primordial: a capacidade de explorar o universo inconsciente.
“Cada uma dessas operações é centro de um elaborado sistema de símbolos. Esses símbolos centrais da transformação compõe o principal conteúdo de todos os produtos culturais. Eles fornecem as categorias básicas para a compreensão da vida da psique, ilustrando praticamente toda a gama de experiências que constituem a individuação”. (EDINGER, 2006, p. 34)
A chave aqui se apresenta na forma do diálogo entre consciente e inconsciente, uma vez que a integração psíquica só ocorre com a devida diferenciação dos conteúdos. Este processo de diferenciação (individuação) tem como finalidade paradoxal aproximar o homem da ideia de divino através da aproximação do homem com sua própria natureza.
“O lado místico da alquimia é, deixando de lado o aspecto histórico, um problema psicológico. Trata-se, ao que parece, do simbolismo concretizado (projetado) do processo de individuação. Este produz ainda hoje símbolos que tem a mais intima relação com a alquimia. (JUNG, 2009, p.115)
O estudo da alquimia e seus recursos simbólicos apresenta-se como um fértil método de investigação psicológica pois abarca uma dimensão correlata com a expressão inconsciente e sua forma simbólica de manifestação. Compreender, portanto, o universo simbólico da alquimia permite um aprofundamento nas raízes do inconsciente e um alargamento da compreensão da psique. Tal compreensão permite uma comunicação produtiva entre as esferas conscientes e inconscientes, permitindo uma troca saudável dos fluxos e polaridades, ampliando a compreensão dos arquétipos e facilitando assim o chamado processo de individuação.
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Referências Bibliográficas
EDINGER, Edward.Anatomia da Psique: O simbolismo Alquímico na Psicoterapia. São Paulo. Cultrix. 2009.
JUNG, Carl Gustav. Psicologia e Alquimia. Obras Completas. Vol. XII. Petrópolis. Ed. Vozes. 2009.
Imagens:
Jung de boa em seu consultório
Abraham Eleazar’s Uraltes Chymisches Werk – 1760
Imagem encontrada na internet