Abre os olhos… e vê

Primeiro levemos em consideração esta nossa era: a informação já não é tão restrita. O certo e o duvidoso nos alcançam com a mesma facilidade. Seja no campo das ciências, das políticas, das compreensões acerca de nós mesmos, mesmo que isso ainda seja o grande mistério. Esse momento diametralmente oposto ao que vivia o buscador de séculos atrás, permite-nos construir novos horizontes, permite-nos alcançá-los.

Partindo deste pressuposto observemos o quanto as ordens se tornam mais abertas. Não digo no que concerne à entrada de novos membros, mas ao fluxo de informação, que hoje aparenta aproveitar-se muito mais do que for e d’aonde vier. Trago esse aspecto, não afirmando que o mesmo seja a característica fundamental destas supostas ordens, mas por ser característica do ser humano atual.

Sendo assim penso no Shamã. Trago à mente o estereótipo deste. Visualizo-o cheio de penas e rugas, com uma satisfação comedida advinda de uma sabedoria além palavras. Ele voa nas ancas de um grande pássaro. Ele vê sem distorcer os casos. Assim me recordo de um trecho de um livro de C. Castañeda onde ele se espanta ao ver Don Juan de terno e gravata. O que há de demais nisso?

Apesar de tudo, nós ainda prendemos nossas expectativas a tais estereótipos e acredito que alguns se sintam demasiadamente incomodados com essas “discrepâncias” que tais expectativas criam naqueles que a carregam.

PsiconautaLevo então o pensamento a outro trecho do livro de Castañeda que fala sobre o verdadeiro guerreiro, que com minhas próprias palavras fica assim: o verdadeiro guerreiro é aquele que é capaz de abarcar o seu  próprio mundo e o  mundo do outro, sem interferir no do outro (a menos que queira) e sem perder o seu próprio. Esse guerreiro é um verdadeiro psiconauta, livre entre as esferas. Faz parte de tudo, mas ao mesmo tempo não está em nada ou canto algum.

Foi perseguindo este ideal que me tornei o que sou e que construo esse texto aqui. Foi buscando esta liberdade que toquei em todos os cantos em que passei, até compreender que a verdade não está em livros, preso na estante; que esta liberdade me fez sorrir tanto para um evangélico quanto para um místico ou espírita com a mesma verdade e naturalidade; pois o mundo e tudo o mais é de todos aqueles que não tem travas em suas frontes. E estas tais travas se chamam comumente de preconceito, destes que limitam e nos impedem de sermos inteiros e múltiplos. Seja sorrindo com o sorrir de krishna, refletindo através do sermão da montanha, massacrando a realidade pelos olhos de Nietzsche, rindo através do caoismo, elevando-se por intermédio das insanidades deliciosas de Aleister

Djaysel Pessôa

S.O.Q.C.

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Respostas de 8

  1. Gostei da postagem,os estereótipos só trás uma carga desnecessárias, Travas e trevas andam juntas…

    @Djpes: que bom que gostou. =]

  2. Não acho o esteriótipo uma coisa tão ruim, ainda mais em um mundo tão perigoso e invasivo que vivemos hoje em dia, é uma forma de defesa que nós seres humanos temos. Ele só não deve ser usado a todo instante como uma forma de pré-conceito e julgamento sem ao menos conhecer o indivíduo.


    @Djpes: o estereótipo é um molde, o problema nunca foi ele e sim o que fazemos dele como vc acaba colocando ai… no entanto ao que se percebe este “estereótipo” é alheio à nossa vontade, aceitamos ou não ele, não criamos ele, ele se cria em nós. Isso é invasivo e resultado direto do que aceitamos do meio. No momento em que construímos algo, vejo sim um personagem, que pode ou não ser estereotipado.

  3. Parabéns pelo texto Djaysel. Bom saber de pessoas que pensam igual a mim. As vezes me sinto sozinho nesse mundo mecânico, dogmático e estereotipado e quando leio textos assim me animo a seguir em frente!
    Um abraço.
    a propósito: essa imagem urbi et orbi é demais tbm!!

    @Djpes: agradecido pelas palavras… =]

  4. Belíssimo texto…eis que gostaria de acrescentar uma frase de Einstein, que carrego como um de meus maiores lemas: “O Universo é o meu Deus”.
    Grande abraço.

  5. Malucos
    sempre achei mei foda essa visão cosmopolita que temos hoje e se reflete ae no texto.
    Pra mim existe sim o certo e o equivocado sobretudo na concepção de mundo e individuo.
    Mais importante que ficar impacivel diante de diferente culturas e expressões religosas, filosóficas por achar que alcançei um grau de compreensão cosmopolita, por assim dizer, é vc conseguir compreender a verdade de suas crenças e prová-las quando for preciso. Dae um desafio de verdade na minha opinião.

    @Djpes: quando vc começar a pensar que muitas vezes várias “caras” normalmente falam do mesmo assunto, mesmo que na maioria das vezes lutem uma contra as outras, quem sabe vc compreenda o texto com outros olhos.

    1. ok,
      mas em que essa compreensão dos assuntos comuns que permeiam os questionamentos de várias manifestações religiosas e culturais contribui para a conquista da compreensão do q realmente há? Não descordo totalmente de vc velhinho, só acho que o fato de vc poder associar assuntos dentro de contextos filosóficos e culturais diferentes, não trás toda essa iluminação. Pra mim, é uma constatação bem simplista, que qualquer um com cérebro e alguma disposição pra pensar vai chegar. Acho q num precisa chegar a ser um guerreiro do tipo citado nos livros de Castaneda pra sacar isso. Russell disse ae uma vez que depois de estudar todas as possibilidades de Deus ou alguma manifestação divina existir, chegou a conclusão de Deus num existe e q de certa forma só existe o caos.
      Encontrar ordem no caos, é um reflexo humano velhinho, e associação é um dos recursos mais primitivos da nossa mente. Como faleii num vejo na essência do seu texto, nem de uma galera aqui q tem a mesma máxima de sabedoria.

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