A Tristeza como Curto-Circuito da Alma

“Adormeci e sonhei que a vida era alegria; despertei e vi que a vida era serviço; servi e vi que o serviço era uma alegria.” – Rabindranath Tagore

 

A tristeza enquanto emoção pode ser entendida como um padrão vibratório dissonante do ser. Dada sua natureza subjetiva cada consciência vivencia esse padrão de forma diferente, daí a enorme dificuldade em conceitua-la de forma geral.

Diante da infinita multiplicidade da experiência humana, falo da perspectiva própria e como todo ponto de vista, esta é a vista de um único ponto.

Em um sistema elétrico normal a energia sai do gerador, passa por uma resistência (uma TV por exemplo) e volta para receptor. Quando esta energia vai e volta sem encontrar resistência, como no caso de fios desencapados se tocarem, temos um curto-circuito. Sem resistência a energia do gerador volta com a mesma intensidade, ocorre um aumento súbito de tensão no receptor do gerador, daí tem-se uma dissipação do calor, ou como a enxergamos, uma explosão.

Para fins de comparação, consideramos o ser humano como uma usina hidrelétrica, cuja geração de energia depende de fatores como o fluxo de água, a abertura das comportas, e a qualidade das bobinas. As águas são as energias externas que ingerimos como a respiração, ingestão de alimentos e impressões do meio à sua volta. Assim como a usina, o ser é incapaz de armazenar energia psíquica, aquilo que é produzido será utilizado imediatamente ou perdido.

Tal qual um gerador elétrico o ser humano produz energia para sua interação com o Universo, em um sistema perfeito, energia gasta sempre no sentido da evolução na espiral, do desenvolvimento e expansão da consciência, para dentro e para cima. No entanto, não raro, o ser humano direciona toda a sua energia para si mesmo, isolando-se do Universo , para baixo e para fora, e tal qual na corrente elétrica a ausência de resistência, faz com que a energia gerada pelo sistema aumente subitamente gerando uma dissipação intensa, a tristeza.

Daí se depreende que uma das formas de combater a tristeza, é remover o curto circuito do sistema, redirecionando esta energia para uma resistência interna ou externa. Assim como a operação em fios de alta tensão não é segura e nem tão pouco fácil, trabalhar com nossas próprias emoções é muito difícil e nos machucamos com facilidade.

No entanto, tal qual o gerador de uma usina ou a tomada de uma casa basta redirecionar a energia que o curto termina, mas o curto circuito assim como a tristeza pode causar danos leves ou grandes estragos, porém, sem encerrar sua causa fica praticamente impossível combater suas consequências.

Uma das formas de encerrar um curto circuito é redirecionarmos a energia para o trabalho interno, a auto observação ou a meditação por exemplo, “encapamos” os fios soltos, ordenando o funcionamento interno e o fluxo da energia. A concentração exigida pela práticas internas pode facilmente exaurir o praticante que esta começando, causando um curto circuito ainda maior, uma alternativa é a prática da caridade.

Ao direcionar a energia ao próximo, removemos o estado de “curto-circuito” da alma. Atividades filantrópicas são poderosas neste sentido, desde uma reza por quem quer que seja ou o que quer que seja assim como atividades físicas, manuais, gestos simples mas poderosos, através dos quais a energia “presa” é liberada, conectando a alma a uma rede sutil muito maior do que nós, uma teia harmônica de energia infinita que esta sempre disposta a ceder, e também a receber.

Sejamos como a lâmpada, que por meio da resistência alcança a iluminação para si ao mesmo tempo em que mostra o caminho para o próximo, sem curtos circuitos.

Chay !

P.S.: O Macrocosmo e o microcosmo tem seus próprios ciclos rítmicos e harmônicos. Que este seja o fim do sono, que esta seja uma nova Aurora !

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Respostas de 9

  1. Me lembrou a sabedoria do Mestre e Mago Jesus, quando disse que ninguém obtém uma lâmpada para esconder embaixo de alguma coisa, mas ao contrário, deve-se colocar em lugar alto e descampado para iluminar as trevas, para que todos vejam. Com certeza fazendo assim, compartilhando, exteriorizando nossa luz e energia ao próximo, evitaremos curtos circuitos.
    Ótima mensagem Frater!

  2. E a ansiedade o que vem a ser no seu ponto vista?
    Muito obrigado pelo seu tempo em compartilhar suas ideias.
    Muito obrigado.

    Daqui me parece que a ansiedade é um excesso de futuro, um curto circuito onde a energia fica presa no vir à ser. Respire fundo e nas palavras do mestre Eckart Tolle, esteja no momento presente.

    1. Ansiedade não chega a ser um vício para mim. Mas acredito que tenha passado para mim através da gestação da minha mãe. Não tenho certeza é apenas um pressuposto da minha parte. Nasci ansioso sempre estou em estado de ansiedade. É um tormento que faz mal e tento através dos estudos e exercícios físicos superar. Mais uma vez o meu muito obrigado pelo tempo prestado. E pelas palavras do mestre.

  3. Lindo texto! Excelente síntese. Noto como a maioria das pessoas tristes são muito autocentradas.

  4. Só quem faz algum tipo de serviço voluntário (sem a expectativa de receber algo em troca) sabe como é bom essa sensação. 🙂

    Engraçado é que o Clube começou justamente desta forma, somente para ajudar, somente para compartilhar o (pouco) conhecimento que tinha sobre finanças. Cresceu, cresceu, e a gratificação na mesma proporção. 😉

    Se as pessoas soubessem o bem que faz compartilhar o que elas sabem/conhecem … bahhhhhh !!!!

    Abraços !

  5. Tenho algumas dúvidas.

    Ao afirmar que a tristeza é um “curto circuito da alma” assumimos por uma conclusão posterior que a felicidade seja (ou deva ser) o estado natural do homem. Porém, tal afirmação não é tão fácil de ser defendida e levanta uma série de questionamentos.

    Primeiro, o que é a felicidade?

    Muitos filósofos procuraram responder essa questão, mas prefiro me afastar de suas explicações para não tocar em algo que não conheço o suficiente para argumentar.

    A verdade é que não conheci até hoje um homem pleno e acho extremamente difícil de ver como possível um estado duradouro de felicidade. Atrevo-me a ir mais longe e afirmar que o contexto do qual fazemos parte é alheio as nossas aspirações, e que a vida humana é caracterizada por sofrimento e desprazer. Dito isso, a única felicidade que eu vejo possível pode ser definida como uma sensação de bem-estar momentânea de um alívio de uma necessidade, gozamos mais o contraste do que o estado.

    Muitas de nossas ações revelam como lidamos com esse conceito de felicidade. Reivindicar nossa obtenção de felicidade de modo com que evitemos ao máximo o desprazer é o caminho que trilhamos quando somos incapazes de alinhar nossos desejos às indiferenças do mundo exterior. Por exemplo, quando nosso sofrimento surge das relações interpessoais, escolher o isolamento como uma forma de evitar o sofrimento nos permite obter a felicidade do estado de quietude. Há também aqueles que escolhem o uso de entorpecentes como um meio rápido de atingir esse estado de gozo. Neste caso, funciona como um gatilho, uma vez que o usuário obtém o prazer por conta própria independentemente das influências externas. Também poderia citar a arte como um consolo e a sabedoria oriental que busca o domínio e a renúncia dos impulsos. Um passo primordial na busca espiritual é do afastamento das “tentações do mundo material” que devem ser desprezados pelo buscador. Porém, esse afastamento pode gerar dois resultados: um descaso para com o resto do mundo ou uma tentativa frenética de corrigir alguns aspectos (muitas vezes incorrigíveis) da realidade. Mas antes que eu vá longe demais, pergunto:

    Qual a felicidade obtida com a busca espiritual (Além de dar um significado (ilusório ou não para a vida humana)? E por que ela deve ser considerada diferente da felicidade obtida no uso de entorpecentes, por exemplo?

    Já peço desculpas se pareci arrogante e cético demais em tocar nesses pontos, só estou expressando algumas dúvidas que me surgiram enquanto eu lia o texto.

    Abraços

    1. Olá Bruno,

      “O que é felicidade?”

      Sempre penso que um momento de felicidade é aquele que você não quer que termine.

      “Qual a felicidade obtida com a busca espiritual (Além de dar um significado (ilusório ou não para a vida humana)?”

      Acredito que é a felicidade nos momentos de não felicidade. É a forma como observas em paz a tristeza chegar e ir embora.. sem se identificar com ela.

      “E por que ela deve ser considerada diferente da felicidade obtida no uso de entorpecentes, por exemplo?”

      Para mim o uso de entorpecentes causa felicidade momentânea, enquanto a felicidade da busca espiritual é justamente o abandono desta “busca” pela felicidade..

      Abraço!

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