As diversas formas de mídia atuais nos proporcionam momentos de prazer, de euforia, de espanto e de tensão, entre tantos outros. Todos eles podem ser encarados como reações que temos no momento em que entramos em contato com essas mídias, trazendo certas emoções, sensações ou pensamentos no âmbito de nossa psique.
Magia nada mais é do que a arte de causar mudanças. Se as mídias com as quais entramos em contato causa mudanças no nosso humor e comportamento, então, pode-se dizer que as mídias são veículos de Magia.
Presencia-se essa Magia todos os dias, o tempo todo. No ato de se ligar um aparelho de som, ou de se assistir a um filme, ou ao ver uma foto inspiradora, ou ainda contemplar uma bela obra de arte, seja ela uma escultura ou uma ilustração… causa-nos uma ou todas as características supra-citadas (emoções, sensações, pensamentos). Nossas mentes, por livre associação, lembrarão conceitos relacionados à arte que estamos experimentando. Por exemplo, se estamos ouvindo uma orquestra sinfônica a tocar em uma apresentação pública, poderá despertar-nos a sensações de leveza, de relaxamento, de harmonia, etc. Perceba que, nesse pequeno exemplo, já ocorreram três sensações disparadas por essa experiência.
Ora, se Magia é a Arte de causar mudanças, então, ao passarmos pela experiência acima, e esta música mudar nosso estado psíquico anterior para algo diferente, então é certo dizer que você foi alvo de um ato mágico, embora não intencional. Você foi transformado pela magia da música, magia essa que acabou por mudar seu humor e seu comportamento, modificando as interações conseguintes. Se você estava nervoso, acabou ficando mais calmo. Você estará mais tolerante e amigável a partir desse momento, melhorando as relações interpessoais que por um acaso venham a ocorrer nos momentos seguintes.
Passar por essa modificação depende unicamente da sua sensibilidade (não uso essa palavra aqui com uma conotação melodramática (vulgo emo), mas sim como algo que possui o senso, ou o sentido, a faculdade de se aperceber daquela mensagem que está sendo transmitida). Pessoas muito sensíveis para sons e música poderão até mesmo chorar diante da carga sensitiva-emocional de uma bela melodia, pois as vibrações enviadas por ela entram em ressonância com o padrão vibratório dessa pessoa[1]. Na Física, quando algo entra em ressonância, sua vibração aumenta infinitamente, até que uma das fontes vibratórias cesse seu movimento, ou o material em ressonância se modifique (ou quebre). Nesse caso, em se tratando dos nossos corpos físicos e psíquicos, a única saída seria desligar a música, ou deixar transbordar suas sensações e seus sentimentos através do choro, sendo essa a derradeira válvula de escape para o montante de energia acumulada.
Cada pessoa possui, portanto, mídias (ou sentidos) que as atingem mais facilmente, transformando seus estados psíquicos mais rapidamente do que outras. Há aquelas que preferem fotos inspiradoras. Ilustrações (ou símbolos) dos mais variados tipos, cores e padrões. Há também aquelas pessoas que preferem assistir a um bom filme. Com sua capacidade introspectiva e “de se colocar no lugar do outro”, essas pessoas conseguem se colocar na pele da personagem durante a história, e vivenciar os acontecimentos como se estivessem ocorrendo com ela própria. Conseguem realmente sentir toda a ação, as emoções e pensamentos, pois podem compreender a personagem profundamente. Dessa forma, modificam seu estado de humor e seu comportamento eficazmente. Isso nos remete à invocação de deuses, praticada desde os tempos mais remotos até os dias atuais.
Colocando-se em prática esse conhecimento, permanecendo mais alerta com os diversos estados mentais que estamos despertando ao longo do dia, de acordo com as mídias com as quais travamos contato, só trará benefícios. Aqueles que não cultivam essa atitude são largamente explorados por campanhas publicitárias (o poder da propaganda!), através de sons, imagens e cores marcantes, bombardeando-os com mensagens psíquicas para que compremos tal ou qual produto; isso ocorre tão automaticamente que mal percebemos quando e como essas mensagens são disparadas e absorvidas por nós. Mas com a prática e com a vigilância, podemos exercer um maior controle sobre nossa psique. Podemos escolher quais emoções, sensações ou pensamentos queremos ativar em determinado momento. Para tanto, faz-se necessário adquirir a disciplina e o respeito próprio para obtermos mais paz e mais foco dos nossos objetivos diários, sem nos dispersarmos tanto com o que vem de fora. Esse policiamento é essencial para que evitemos o stress e o esgotamento. Cultivando mídias de melhor qualidade, que entrem mais em ressonância (e harmonia) com os estados psíquicos que desejamos manter a maior parte do tempo, teremos maior qualidade de vida, mais felicidade, serenidade e, principalmente, individualidade.
Notas:
[1] Padrão vibratório pessoal: os átomos, que são os “tijolos”, segundo a Física clássica, que formam nossa realidade perceptiva, são formados por partículas que se mantém em constante movimento. Esse movimento causa uma propagação de ondas em todas as direções, pois o movimento vai sendo passado para os átomos dos arredores por indução. Como é em essência um movimento de oscilação ou vibração, daí o nome para o termo.
Respostas de 9
Muito bom! Essa “invocação”, no caso dos que preferem filme, fiz ontem como Neo em Matrix rs. matrix é realmente… É!
muito bom.
Uma coisa que me chamou atenção tempos atrás é que ao assistir algo na TV, como foi dito, as pessoas costumam se emocionar. E quando estamos emocionados, ao que me parece, aceitamos as coisas mais facilmente, perdendo um pouco a capacidade de raciocínio. Por isso me pareceu uma coincidência horrível que logo após uma noticia chocante se iniciam as propagandas, ou seja, primeiro abalam o emocional das pessoas, para deixa las num estado mais receptivo, e então dizem o que elas precisam para serem “felizes”.
Lógico que eu acho que essa “conspiração” é inconsciente.
Ótimo texto
Paz à todos…
Ótimo post, obrigado!
Uma coisa que aprendi, tanto na teoria quanto na prática, é que não existe aliada maior que a imaginação e a sensibilidade ao imaginado. Entretanto, como toda ferramenta, é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que possibilita rapidez e facilidade em processos de visualização, entrada em E.V., alterar estados de consciência, a pessoa vira uma antena para tudo e da imaginação ao arquétipo é um pulo. Daí a necessidade do estudo, da racionalização crua, etc. Entre a visão quase atéia e cética de hod e o “lunático” que vaga entre Yesod e Netzach, tem um caminho que leva adiante, mas a “Arte” de prosseguir por aí é bem difícil…
Agora, que temos que nos cuidar quanto à imaginação imposta, isso temos: a que vem de músicas, propaganda, filmes, cultura, religião, etc. A imaginação como ferramenta pessoal e não a pessoa como ferramenta de materialização do “imaginado”, seja por ela, ou por outros…
@TM: sim, você lembrou de um fato importante, a Arte de caminhar “entre os mundos”. Esse é um dos maiores dilemas, creio eu, que todo ocultista sério enfrenta. Ter de encontrar o equilíbrio entre a razão crua e a sensibilidade às forças sutis requer muito estudo, muita prática e vigilância. Como diriam os escoteiros, “sempre alerta!” 😉
O pastores evangélicos praticam muita magia, rs! Amei o post! Dialuana
Duas coisas.
Primeiro, não acho muito adequado a generalização que coloca magia como a arte de causar mudanças. Pensando dessa forma tudo, e qualquer coisa, pode ser encarado como magia, inclusive coisas banais que não levem em conta a mínima vontade de um ser consciente. Nessa lógica, bater o dedinho do pé é magia; quebrar acidentalmente um copo é magia; as árvores fazem magia diariamente com a fotossíntese; defecar é magia. Não quero ser arrogante nem implicante, apenas faço um questionamento. Não sei muito sobre e não tenho uma definição para magia, mas tento entende-la, ao menos, excluindo aquilo que acredito não ser magia. Gostaria, porém, que o autor desenvolvesse melhor o assunto, se possível.
Segundo. Por que tanta ênfase em individualidade e não em coletividade? São duas facetas importantes da vida humana, creio eu. Só que eu vejo muito mais gente defendendo a individualidade e menos a coletividade. Se, por um lado, devemos nos conhecer e nos desenvolver enquanto indivíduos, por outro, só existimos por causa e em relação ao outro. Só podemos nos conhecer e nos melhorar no convívio com o outro e em comunidade.
Ficam aí minhas considerações.
Pax et lux.
Aí ,o último exemplo crasso , o da Nissan : http://tumblr.com/xtj4lfcmsn
[ ]’s
Belo texto,
Obrigado.