Autor: Ir.’. Márcio Aguiar
Esta história foi narrada, por um Irmão Maçom desconhecido…
Dia desses fui acompanhar a sindicância de um menino de 14 anos, pretendente a ser iniciado na Ordem DeMolay no Capítulo do qual faço parte. Estávamos em um grupo de 4 pessoas para esta sindicância. Além de mim, iam meu filho e mais dois DeMolays.
Chegamos à casa do menino e a sindicância começou como começam todas as sindicâncias, os DeMolays explicando ao candidato o que é a Ordem, como ela se iniciou seus preceitos, as virtudes que são cultuadas, etc., etc…
Na minha posição de Tio eu só escutava as explicações, acompanhava as perguntas curiosas e as respostas bem fundamentadas.
Porém, eu percebia que o candidato ficava incomodado com as respostas e acabava questionando com mais ênfase determinados pontos até que ele perguntou:
“- Ok, vocês me explicaram que a Ordem DeMolay prega o respeito a Pai e Mãe, quer que sejamos cidadãos patriotas, tolera e respeita todas as religiões e etc., mas eu não preciso ser DeMolay para fazer isso, pois isso é que meus pais têm me ensinado desde pequeno. Então, por que eu precisaria ser iniciado na Ordem para continuar fazendo o que eu já faço?”
Se não fosse a seriedade do momento teria sido engraçado, pois tanto meu filho quanto os outros dois DeMolays ficaram com aquela cara de “putz, é verdade, eu não tinha pensado nisso. E agora, o que eu respondo?”.
Aí todo mundo olhou para mim, esperando uma ajuda na resposta e eu fui obrigado a dizer algo. Mas eu acho que eles não esperavam a resposta que eu dei.
Disse assim:
“- Sabe, eu já me fiz essa pergunta algumas vezes e só pude concluir uma coisa: A Maçonaria não deveria existir, assim como a Ordem DeMolay também não deveria existir”.
Nossa!!! a cara de pânico dos meninos era hilária. No mínimo eles pensaram “Este cara ficou doido. A gente vem tentar trazer mais um membro para nossa Ordem e ele diz que ela deveria acabar? Ele deve ter ficado maluco”.
Aí eu tive de continuar a explicar minha “teoria”:
“- Na verdade as pessoas não deveriam precisar ser lembradas a todo o momento que elas devem ter respeito pelo seu país, sua família ou ao próximo. Aliás, deveria ser a coisa mais normal do mundo nós nos reunirmos para arrecadar fundos para ajudar um orfanato. Aliás, mas, aliás, mesmo, se o mundo fosse diferente, nem deveriam existir orfanatos, pois não deveriam existir crianças abandonadas pelos pais.
Nós deveríamos sair à rua e não deveria ser normal querermos brigar com o motorista de outro carro por causa de uma vaga para estacionar.
Ninguém deveria desconfiar da honestidade de outra pessoa, porque a desonestidade não deveria existir.
Eu não deveria colocar portões na minha casa e me fechar dentro de uma gaiola para evitar ser assaltado, porque a violência não deveria existir.
Ninguém deveria temer sair de casa com a camisa do seu time de futebol preferido, com medo de ser espancado até a morte por uma meia dúzia de imbecis que usam uma camisa de outro time.
Mas, infelizmente, este mundo que acabei de comentar não existe e somos expostos diariamente a tantas influências negativas que temos de procurar uma forma de nos unirmos a pessoas que ainda cultuam algum tipo de preceitos e valores morais e que pensem como nós. E para isso que existe a Maçonaria e a Ordem DeMolay, por exemplo.
Lá somos lembrados a continuar usando tudo de bom que aprendemos com nossos pais e nos são “relembrados” alguns outros valores que acabamos esquecendo com a correria da vida.
No dia que o ser humano aprender a respeitar ao próximo, eu proponho o fim da Maçonaria e de todas as Ordens semelhantes. “Enquanto isso seria um prazer ter você conosco.”
Hoje este candidato não é mais candidato, pois foi iniciado DeMolay logo depois.
Mas o que mais me deixou feliz foi escutar esta minha teoria repetida por um dos meninos que estavam participando daquela sindicância para outro candidato à Ordem DeMolay, dias depois. Ou seja, até que esta teoria não é tão maluca assim, pois mais alguém concorda com ela.
Respostas de 23
Texto muito bom!
Tá longe de ser maluca.Eu acho que o grande problema é o respeito que não existe pelo próximo. Se as pessoas parassem de tentar inferiorizar tudo que elas não gostam ou não compreendem, as coisas seriam menos violentas, tanto física quanto verbalmente. As ordens de virtudes são as Caixas de Pandora onde os fragmentos dos bons costumes se esconderam pra não serem destruídos.
O grande “problema” é que as pessoas são livres para escolher não exercer a virtude, o que em sí me parece uma das poucas coisas que permitem a este mundo continuar existindo.
Sim, é verdade, muitas vezes isso vem da ignorância, e em uma quantidade quase absoluta de vezes gera reações infrutíferas e tolas.
Mas ser livre para errar e sofrer já é uma conquista em sí.
Sim, é um inferno. Mas antes estar no “céu” por vontade própria, quanto ela se apresentar, se assim ocorrer, que por cárcere.
O indivíduo não deve ser preso ao passado e às virtudes, mas agir por elas quando e se desejar. O que nos diziam os filósofos era apenas que elas seriam desejadas por todos, tão logo todos percebessem como geram um mundo melhor e mais harmônico para sí mesmos.
Não há costume na verdadeira virtude. Não há tradição na verdadeira virtude. Não há agir social, não há tolerância mártir ao sofrimento. Não há respeito obrigatório. Não há sentimentos reprimidos. Não há impulsos deixados sob vigilância constante. Muito menos pessoas que agem segundo as morais e éticas combinadas por outros. Não há nada disso.
A verdadeira virtude é, de fato, o caminho da menor resistência, o caminho da não-resistência. É o caminho da harmonia porque evita o conflito. Não por ser “certa” ou “errada”. Não há dualidade na harmonia. Tudo é um.
É algo pessoal, não público. E é porque é pessoal que, mesmo tolhendo liberdade, é em fato libertadora.
Mas as pessoas não devem fazer isso por tradição. São mais de 2.000 de experiência que em grande parte não serviu pra grande parte não aprender nada. E o mundo continua sofrendo por causa disso. As virtudes deveriam ser desempenhadas e ensinada porque tem consequências boas pro próximo e pra si. Pode testar o karma. Mas a humanidade parece o berço do masoquismo, onde aqueles que percebem a distorção do mundo, procuram a ordem dentro dessas organizações. Se o objetivo é sair ganhando nessa história, como diria o DelDebbio: “Se o malandro soubesse as vantagens de ser bom, ele seria bom por malandragem.” É só é martírio ser virtuoso pr’aqueles que acham estarem se inferiorizando e perdendo mediante o resto que é “ruim”. É claro que há costume, tradição, agir social e tolerância. O mundo é corrompido, e como diz a Física, o maior permeia o menor, e a Sociologia mostra que o Meio influencia o indivíduo. Se não houver costume e tradição, praticar uma virtude apenas uma vez na vida, o barulho do sino se dispersa e se perde. É preciso tolerância pra não se deixar corromper a virtude e se tornarem vícios, é preciso tolerar as pessoas chamando o virtuoso de otário, bobão, ingênuo e ainda assim continuar no caminho. O agir social é consequência natural de exteriorizar essas virtudes. Uma pessoa não passa o dia inteiro num projeto de adoção sem ganhar nada porque é certo. Ela passa porque ela ama os animais e quer que eles tenham um lar. Ninguém aguenta muito tempo em trabalho voluntário sem gostar de verdade.
É mais ou menos isso que eu disse meu bom ^^
Mas veja bem, que a tolerância, o esforço, tudo isso vem simplesmente da dúvida.
Aquele que realmente acredita que está fazendo o melhor para sí acha infantis (quando por bem) as críticas à sua virtude.
Assim, não é necessária grande tolerância. Apenas um pouco de bom humor.
Chegou ao ponto. Ótimo texto, inspirador.
Tirou as palavras da minha boca
“Malditos Tecnocratas!!!”
(Os RPGístas entendedores entenderão…)
Excelente!!
Este texto foi gratificante. Logo na chamada ele me fez relembrar um sonho que tive. Na sequência, o momento da leitura me fez sentir-me no sonho. Parece que não foi sonho. Obrigado.
Eu adorei ler este texto.
Seria realmente magnifico se todos sempre lembrássemos de nossos valores e respeito para com o outro e para conosco. Contudo sempre tem dias e horas que nos esquecemos ou que fingimos que os problemas humanos de fato existem.
Ficamos mais preocupados com a quantidade de notas que temos na carteira do que quanto podemos dividir alegrias e esperanças. Estamos infestados de nossos próprios erros e quase sempre deixamos de lado que podemos mudar pelo menos a nos mesmos.
Faça o seu melhor sempre para com vc e para com o outro.
Gostei muito deste texto e vi que sendo livre e de bons custumes alem de tudo ele e sabio para expresar os seu ideal, que e de viver em harmonia com todos sem distinção de cor uo raça.
Lembrei-me da música do saudoso Raul
Foi assim
No dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa
Como que se fosse combinado em todo
o planeta
Naquele dia, ninguém saiu saiu de casa, ninguém
O empregado não saiu pro seu trabalho
Pois sabia que o patrão também não tava lá
Dona de casa não saiu pra comprar pão
Pois sabia que o padeiro também não tava lá
E o guarda não saiu para prender
Pois sabia que o ladrão, também não tava lá
e o ladrão não saiu para roubar
Pois sabia que não ia ter onde gastar
E nas Igrejas nem um sino a badalar
Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
E os fiéis não saíram pra rezar
Pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar
Pois sabia o professor também não tava lá
E o professor não saiu pra lecionar
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar
Texto interessante. É uma boa forma de ver a realidade, e o ideal por trás da congregação maçônica. Não me impressiona que o guri que era candidato tenha entrado logo em seguida, com palavras inspiradoras assim.
Muito bom.
A sua Teoria é excelente!!!
É na verdade mais que apenas uma teoria é a constatação de uma realidade.
Quando todas pessoas aprenderem a respeitar o próximo e viverem em união teremos a maior e melhor Ordem chamada Humanidade.
Como o Robespierre também lembrei desta musica do Raul.
Abraços
Belissima teoria!
Falou bonito!
Em poucas palavras descreveu exatamente para que serve a Ordem!
Vou levar o texto à Loja, para apreciação dos IIr.’.
TFA
Isso é muito verdade, mas infelizmente só são noticiadas essas ordens para meninos, só são valorizadas ordens masculinas. Seria muito interessante que ordens como a Filhas de Jó fossem mais divulgadas, para meninas que se interessem em buscar pessoas com os mesmos propósitos.
Olá Marcela!
Concordo em parte com você, mas não há uma “valorização” de masculina/feminina, o que ocorre é a mídia que distorce e muito a Maçonaria, que é masculina. Mas também temos a AMORC que é mista e é “valorizada”.
Abraços pra você! 🙂
ótimo texto, parabens!
Excelente texto, me emocionei ao ler.
Parabéns por enautecer nossos valores.
T.’.F.’.A
Olá. Esta explicação eu já forneci a diversas pessoas, profanos e iniciados, das mais diversas irmandades. Na mesma linha, eu defendo abertamente que o vitriol da maçonaria deveria ser trabalhar arduamente para extinguir a própria maçonaria, pois todos os homens deveriam ser de moral e bons costumes, todos os homens deveriam ser maçons, e quando a maçonaria conseguir que todos tenham os requisitos para serem maçons, ninguém mais precisará ser maçom. Um TFA, e SFU.
Olá. Esta explicação eu já forneci a diversas pessoas, profanos e iniciados. Na mesma linha, eu defendo abertamente que o vitriol da maçonaria é trabalhar arduamente para extinguir a própria maçonaria, pois todos os homens deveriam ser de moral e bons costumes, todos os homens deveriam ser maçons, e quando a maçonaria conseguir que todos tenham os requisitos para serem maçons, ninguém mais precisará ser maçom. Um TFA, e SFU.