A Escolha do Caminho


Temos tantas filosofias e sistemas de crenças e de pensamentos que às vezes ficamos um tanto quanto perdidos. Não sabemos ao certo qual é o “melhor”, o “mais certo”, ou ainda qual é o “mais adequado”, ou quais se encaixam ao nosso jeito de ser… à nossa individualidade.

Não há realmente uma fórmula para se descobrir qual é o sistema filosófico/religioso mais indicado para cada um de nós. Cabe a cada um experimentar aquilo que mais lhe atrai, verificando se lhe convém ou não.

Vendo por esse lado, parece assombroso o tempo e o esforço necessários para descobrir o caminho ideal.

Mas será mesmo que existe um caminho ideal previamente traçado, no qual possamos nos engajar e nos realizar como seres humanos plenos e felizes?

Podemos partir do princípio de que cada pessoa é única. Partindo desse pressuposto, é possível traçar um caminho religioso “genérico”, ao qual se aplicaria a todas as pessoas (ou pelo menos a uma grande maioria delas)? Parece extremamente improvável que isso pudesse ocorrer. Mas isso ocorre. Talvez não com o grau de sucesso esperado, mas, mesmo assim, todos os dias muitos adentram os templos, igrejas e seitas religiosas, buscando respostas para suas aflições e conforto para suas dores emocionais e psíquicas.

Pode-se dizer que há duas grandes áreas distintas: as religiões e as ordens iniciáticas. Há ainda aquelas que são mistas, mesclando características de ambas. Embora sejam grupos extremamente distintos em seus preceitos e práticas, não é possível dizer que eles sejam individuais, visto que são grupos! Mas há uma diferença muito importante que divide essas duas grandes áreas como uma lâmina de espada jedi: religiões organizadas visam principalmente o bem do grupo, enquanto que as Ordens iniciáticas visam o bem individual e do grupo.

Cada uma possui particular experiência nesses campos. Falando por mim mesmo, eu diria que as religiões organizadas são interessantes para se começar a caminhar. Mas conforme se avança, vai-se percebendo que algo está faltando, e também que algo está sobrando. Senti uma necessidade imensa de explicações, de entendimento. Por que havia certos procedimentos, certas necessidades? Proibições e deveres. Muito daquilo era ilógico para mim. Percorri somente o começo de uma desses religiões, mas acho que esses pontos são semelhantes em outras também… essa falta de informação, e essa falta de liberdade de escolha.

Imagino que deva haver diversos modus operandi, variando de religião para religião. Talvez haja aquelas em que se preocupam em esclarecer seus adeptos da melhor forma que puderem. Não posso generalizar nesse sentido, pois estaria cometendo um engano.

Não obstante, essa minha experiência em uma religião foi uma boa forma de mostrar o que a disciplina e a fé são capazes de fazer em nossas vidas. Tive diversos exemplos de ótimos resultados conseguidos através da dedicação, do esforço, da Vontade…

Porém, aos poucos fui me distanciando do pensamento religioso e fui me aproximando do que se costuma chamar de “livre pensamento”. Li muitos livros, artigos. Conversei com pessoas com visão de mundo rica e diversificada. Meu Universo pessoal foi se expandindo pouco a pouco.

Ao prosseguir nos estudos iniciáticos, percebi que esse caminho era um pouco mais independente e bem menos dogmático. Aliás, de dogmas, não havia nenhum. Tudo que se estuda em Ordens Iniciáticas têm um propósito, uma finalidade. Além disso, você é livre para tomar para si um ensinamento ou não, não sendo penalizado em nenhum momento por isso; pelo contrário, é encorajado a preservar a sua integridade a todo instante e a absorver os ensinamentos no seu próprio ritmo, se eles lhe convierem. Além disso, tudo tem um viés prático para ser aplicado na vida diária. De que forma poderiamos melhorar nossa condição senão através do treino?

Algo que considero extremamente estimulante é essa liberdade “filosófica”. É claro que nem tudo são flores. Há, sim, provas iniciáticas, mais conhecidas como Ordálias. As ordálias são testes de aptidão que vão se apresentando ao longo do caminho. Às vezes tem por finalidade a dissolução de parte do nosso Karma. Quanto mais Ordálias se enfrenta e se vence, mais o Iniciado se torna apto a suporta-las. Não somente isso, mas também adquire mais poder e controle sobre si mesmo e sobre sua vida.

Eu estou gostando bastante da experiência, e recomendaria às pessoas interessadas que busquem ingressar em uma Ordem com a qual possua afinidade. Pesquise bastante sua história, seus preceitos e linha de ensinamentos. Veja bem se você gosta dos temas de estudo e da ritualística própria de cada Ordem.

Como foi dito no início, temos diversas opções de desenvolvimento filosófico-espiritual. Porém, eu diria que em última instância o Caminho que percorremos é único. Cada pessoa têm um ponto de vista singular e não há um sistema que sirva 100% bem todas as pessoas ao mesmo tempo. O que cabe a cada um de nós é adequar o que recebemos de acordo com nossas necessidades, capacidades e afinidades. Não devemos fugir de nossas obrigações para com certos preceitos que nos propusemos a seguir, é claro, senão seremos passíveis de ser negligentes com nossas próprias consciências, o que não contribuiria em nada para nossa evolução. Mas, dito isso, podemos e devemos construir um Caminho próprio para nós, que seja baseado na nossa Verdade, Liberdade e Amor.

Acredito que o ponto central discutido em qualquer desses grupos é a ampliação da Consciência. Portanto, se você for capaz de ampliar sua Consciência diligentemente e segui-la, onde quer que ela o envie, então você não necessita de grupo algum. Porém, essa é uma caminhada árdua para ser executada sozinho. Nesse caso, o companheirismo de uma amizade verdadeira equivale ao mais puro ouro, suporte indispensável para o nascimento não somente da Consciência, mas também do Amor fraternal.

***

Leitura Adicional:
Teoremas de Aleister Crowley

——————————————————————————–

>> Ver todos os artigos do Labirinto da Mente no TdC

>> Página no Facebook

Compartilhar:

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn

Respostas de 7

  1. Engraçado me deparar com esse texto logo quando estou lendo “O Mundo de Sofia”, que até aqui vem sendo o meu maior contato com a filosofia “pura”, ainda bem separada do conceito de religiosidade.
    Até o momento, o que tenho absorvido já foi o suficiente pra me deixar estupefato e me perguntar – por quê diabos filosofia ainda não é matéria obrigatória em toda escola pública ou particular ? Bem.. acho que sei a resposta.
    Tive a sorte de ser encaminhado ao espiritismo desde pequeno e isso de certa forma me mostrou horizontes que outras crianças jamais pensariam existir. Acredito que uma introdução filosófica desde cedo, com todos os questionamentos que ela traria, sendo bem aplicada, teria a capacidade de mudar toda uma geração.
    Hoje o espiritismo já não me satisfaz plenamente, encontro-me, como diz o autor do texto, em um momento de “Livre Pensamento”.
    Fico imaginando, se toda criança ao invés de ser introduzida diretamente na religião dos pais, tivesse de passar primeiro pelo pensamento filosófico, estudo sério, debatido alguns anos, até então decidir-se por qual religião optar. Talvez eu esteja sendo radical demais.Mas penso que seria interessante tal estrutura : Filosofia – > Religiosidade -> Livre Pensamento. Talvez, muitas religiões não sobrevivessem a tal mecanismo. E olha eu sendo radical novamente. Deixemos cada coisa a seu tempo, cada pessoa à sua evolução.

  2. Um grupo é um conjunto de espíritos afins que compartilham um corpo de ideias/práticas num certo momento, não é?
    Então deve ser excelente para explorar e fortalecer um dado corpo de ideias e práticas, mas, se o espírito decide-se por outra coisa ou evolui além do que o grupo comporta, deve mudar-se, encontrando um novo grupo provavelmente…

    Podemos também nos alienar no corpo de ideias de um grupo, criando uma zona de conforto e abandonando temporariamente nossa busca própria…
    Ou podemos abandonar grupos justamente porque nao conseguimos criar essa zona de conforto, e vamos migrando até achar um lugar onde possamos… Onde encontramos alguém que nos diga o que queremos ouvir…

    O mais importante então, em consonância com o texto, parece ser a busca, aquilo que ser quer.
    Pelo que eu vejo acontecendo, quando se tem uma busca, os elementos que contribuem, como livros, grupos, experiências, etc… Se encadeiam e são frequentemente alvo das nossas escolhas. O complicado é quando queremos uma coisa e acreditamos querer outra, ou quando não fazemos ideia do que queremos…

  3. Achei bastante interessante seu ponto de vista sobre religiões e ordens iniciáticas. Acho que as religiões tiveram um papel importante no passado fazendo uma função de apresentação de Deus ao povo, e compartilho a idéia de que falta informação e sobram dogmas. Quanto às ordens iniciáticas, acho interessante o estímulo ao desenvolvimento da consciência e a maior liberdade de estudo.
    Sobre o último parágrafo, em que fala de alcançar a ampliação da consciência praticando sozinho, tenho minhas dúvidas sobre a real eficiência dessa prática.
    Na verdade, em minha humilde opinião, acho que praticar sozinho sempre é mais cômodo, você não tem a prova diária do conflito certo que a prática em grupo nos traz; e sem essa dificuldade, faltam subsídios para uma prática verdadeira. Acabou o tempo de praticar na montanha ou na caverna. Hoje a prática é na família, na sociedade, e é ali que somos testados e enfrentamos a ordálias.
    Também acredito que ampliar a consciência sem buscar o aumento da consciência de quem está à nossa volta (e do coletivo) é só meio caminho. O cultivo, para ser completo, precisa ser interior e exterior. Se uma vela está acesa e não compartilha sua luz, não há motivo para continuar acesa por muito tempo!
    Ótimo artigo, parabéns!

  4. No momento, o texto reflete muito das minhas questoes. Meus parabens. Espero que sirva a outros como eu….
    Muito grato,

    M. Vinicius

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social Media

Mais popular

Receba as últimas atualizações

Assine nosso boletim informativo semanal

Sem spam, notificações apenas sobre novos produtos, atualizações.

Categorias

Projeto Mayhem

Postagens relacionadas

Mapa Astral de Pablo Picasso

Pablo Picasso (Málaga, 25 de outubro de 1881 — Mougins, 8 de abril de 1973), foi um pintor, escultor e desenhista espanhol, tendo também desenvolvido

Mapa Astral de Timothy Leary

Timothy Francis Leary, Ph.D. (22 de outubro de 1920 – 31 de maio de 1996), Professor de Harvard, psicólogo, neurocientista, escritor, futurista, libertário, ícone maior

Mapa Astral de Oscar Wilde

Eu não gosto muito de postar vários mapas seguidos, porque o blog não é sobre Astrologia, mas agora em Outubro/Novembro teremos aniversário de vários ocultistas