Na Antigüidade existia uma lenda segundo a qual Pitágoras foi engendrado no seio materno graças a uma intervenção direta do deus Apolo, também pai das Musas e herdeiro da lira de Hermes. Destacava-se assim a origem celeste e divina de sua doutrina, máxime tendo em conta que Apolo (númen da Luz inteligível, da Harmonia e da Beleza) era considerado uma deidade de origem hiperbórea, o que o punha em relação com a Tradição Primordial. O mesmo nome de Pitágoras procede da Pítia do templo de Delfos (dedicado a Apolo) que profetizou seu nascimento como um bem doado aos homens, nascimento que aconteceu aproximadamente no ano 570 a.C., na ilha grega de Samos. Tendo recebido os mistérios órficos próprios da antiga tradição grega, Pitágoras abandona sua pátria natal para realizar uma série de viagens que o levarão por todo o mundo antigo, especialmente Fenícia, Babilônia e Egito, país onde residiu durante um longo período de tempo, sendo iniciado pelos sacerdotes egípcios, guardiões da sabedoria de Hermes-Thot. Amadurecido seu pensamento, e depois de realizar a síntese de todo o saber recebido, Pitágoras regressou a Samos trinta e quatro anos depois, preparado para cumprir com o alto destino predito em seu nascimento, e que não era outro senão o de criar as bases sobre as quais se assentaria a cultura grega, e posteriormente a civilização ocidental.
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